domingo, 27 de abril de 2008

Entre Laço

As caixas de papelão estavam espalhadas pela casa, a noite estava fria, ela estava vestida de moletom cinza, sentada no sofá, com um copo de leite na mão, assitindo à TV. Ela estava no lugar certo, mas havia deixado pra trás tantas coisas pela metade e outras tantas apenas planejadas. A noite fria era de sábado e o vestido estava em cima da cama, mas ela não queria sair mais uma vez pra se perder nas horas, nos líqüidos, nos fluidos, pra depois ter que se achar em um apartamento qualquer com a boca seca e a cabeça doendo. Tinha em uma mão o celular, na outra uma caneta e nas pernas, em cima de uma almofada, um papel. Estava diante do branco chamativo de um papel sem rabisco algum e esperava que suas idéias se organizassem. Colocou nas palavras toda a solidão de um apartamento cheio de caixas e o sentimento de impotência gerado por tudo que deixou pra trás. As palavras eram o único refúgio certo, eram sua proteção, sempre foram. "A vida foi feita pra ser vivida, pra ser dita, exposta, os sentimentos e pensamentos não deveriam ser transformados em segredo. A juventude é tola, se esconde por trás do medo de viver de verdade e só percebe tudo o que perdeu quando tudo o que sobrou foi o medo do tempo, do pouco tempo que têm pra fazer tudo o que queriam e não tinham coragem." O papel estava cheio de marcas acinzentadas do grafite do lápis e ela percebeu que sempre escreve o que quer ouvir, sempre ouve o que precisa, mas nunca faz o que deve. É fácil se sentar no sofá sábado à noite e ver TV, difícil é vencer o medo e sair pra encarar a vida. "Eu vivo de palavras. Penso, digo, escrevo. Acho tudo muito bonito, acho tudo muito propício, mas não sigo."

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Palavras Vomitadas

Se torna difícil dizer pra uma pessoa que ela está errada quando você não tem nem idéia de como irá reagir. Ninguém nunca teve coragem de apontar os defeitos e erros dessa pessoa, por que eu teria? Ainda mais eu, que fico tremendo e com ânsia de vômito por qualquer briguinha boba.
Não sou só eu que acho algumas atitudes erradas, na verdade acho que a maioria das pessoas à sua volta vêem e acham errado. Vêem e não riem. Vêem e se afastam. São as manias, as pequenas manias e hábitos, que machucam as pessoas.
Durante um tempo não percebi, só fui ver o que acontecia depois que alguém me falou e desde então carrego a consciência de que isso (e outras coisas) incomodam muita gente, mas ninguém sabe como dizer. Eu pensava "Ah, não é possível que tenha consciência do que faz", mas percebi que tem sim. Desde então penso "Se sabe, por que faz?" e não encontro resposta, não faz sentido machucar as pessoas que gostam de você de propósito, não faz sentido repetir e repetir e repetir.
Talvez agora eu entenda um pouco o que os outros faziam, da maneira como só falavam sobre isso em semi-códigos, da maneira como os comentários se espalhavam e ninguém dizia nada diretamente. Eu, sinceramente, não quero que aquilo tudo se repita. Queria achar o momento ideal e dizer olhando nos olhos dessa pessoa tudo o que já pensei e comentei sobre este assunto. O problema é como, quando e o medo da reação.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Sob tons alaranjados

A escova passava por seus cabelos brancos e a luz do sol os prateava. Era assim todo fim de tarde, mesmo antes dos fios brancos ou dos acinzentados, a janela pra rua era como uma moldura para os tons do pôr-do-sol refletidos sobre seu rosto. Clarice não usava relógio, nunca se importou muito com o passar do tempo, mas sempre repetia as palavras de Mário Quintana: "O tempo não pára, só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo". Todos sabiam da espera de Clarice, era a história contada aos visitantes da pequena cidade de Bela Vista, ela não se importava, nunca se importou.
O céu começava a se pintar de tons alaranjados quando a pequena Clarice se sentou na janela e viu um menino de cabelos cacheados entrando na casa do outro lado da rua, era Arturo. Ela havia ouvido sua mãe dizer que o neto de Dona Helena chegaria hoje da grande São Paulo para morar ali, ouviu também que ele tinha perdido os pais em um acidente de trabalho. "Sempre soube que aquelas máquinas engoliam as pessoas" pensava Clarice que via cada vez mais suas amigas se mudando pra São Paulo com os pais.
Arturo se sentava na janela todo pôr-do-sol como em um ritual, um ritual de espera pelos pais que nunca iriam voltar para buscá-lo. Clarice se sentava na janela de sua casa e ficava olhando a beleza triste do menino, até o sol desaparecer completamente e ver o moço da querosene acendendo as lamparinas da rua, "Clarinha, entra pra casa que o céu já tá pronto pra ir dormir" e ela obedecia às palavras do moço. Quando chegaram as férias já não existia Clarice sem Arturo nem Arturo sem Clarice, era como ver um romance com personagens em miniatura. Cada paralelepípedo das ruas daquela cidade conhecia os passos apressados dos pés deles, Clarice havia aprendido a gostar de ler com Arturo e Arturo havia aprendido a sorrir com Clarice. Eram dias na cachoeira, dias na biblioteca, dias na pracinha, dias correndo pela cidade. Mas os finais de tarde eram sempre iguais, Arturo e Clarice se sentavam nas janelas de suas casas e permaneciam ali até o sol sumir.
O tempo passava e os joelhos já não voltavam mais pra casa ralados. Clarice chegou na biblioteca chorando, disse que era por causa de seu pai, "Ele diz que não acha bom filha dele andando com rapazinho o dia todo, que eu não sou mais criança", Arturo a abraçou e ela sentiu pela primeira vez as borboletas no estômago. Foi então que Clarice se encantou pelo nome poético de seu amigo de infância e em cada livro que lia a mocinha era ela e o mocinho era ele. O Baile de Primavera da escola estava chegando e Arturo convidou Clarice para ser seu par. Na noite do Baile, Arturo foi buscá-la em casa e seus olhos brilharam ao vê-la em um longo vestido de cetim azul. Dançaram, riram falando sobre seus colegas de escola e em todas as vezes que o silêncio surgia, a boca de ambos ficava seca e desviavam o olhar.
Estavam correndo e rindo baixo quando chegaram à porta da casa de Clarice. Ficaram em silêncio. Arturo pegou as mãos de Clarice, a olhou nos olhos e a beijou. Clarice entrou em casa e as borboletas em seu estômago pareciam ser impossíveis de controlar. Agora os finais de tarde na janela mostravam dois jovens e um segredo.
Clarice acordou assustada ouvindo gritos na rua, era a voz de Arturo. Dona Helena havia falecido e ele estava sendo levado de volta pra São Paulo para morar em um Orfanato. "Clarinha, eu vou voltar! Espera por mim" e em meio a lágrimas o carro levou Arturo e o coração de Clarice. O tempo passou e Clarice não foi de mais ninguém, ela pertencia às cartas que relia sempre e às histórias que escrevia. Todo final de tarde se sentava à janela e esperava, até o sol sumir.
A escova passava por seus cabelos brancos e a luz do sol os prateava. Era assim mesmo antes dos fios brancos ou dos acinzentados, a janela pra rua era como uma moldura para os tons do pôr-do-sol refletidos sobre seu rosto. Clarice olhava para a rua quando viu Arturo chegar. Ele não era o mesmo rapaz que havia ido embora, tinha em seu rosto marcas do tempo e seus cabelos cacheados agora eram brancos, mas era ele, era o herói das histórias dela. Clarice sentiu seu coração bater mais forte e as borboletas, ah! as adormecidas borboletas, haviam voltado. As ruas já não eram mais de paralelepípedo, não era preciso acender mais lamparinas todas as noites e a janela agora servia de moldura pra dois velhinhos que assistiam todo dia o pôr-do-sol juntos.

domingo, 20 de abril de 2008

Existem pessoas pra quem preciso dizer perdão, pessoas que já magoei ou que ainda magôo. Viver faz isso, não é? Passar por cima do orgulho e dizer que, sim, eu era a errada da história. Nunca fiz uma lista para me lembrar das pessoas que magoei, nunca anotei o nome delas linha após linha e fui riscando ao cumprir meu dever de me desculpar, até mesmo porque imagino que esta lista seja imensa. Mesmo com apenas 16 anos de vida. Imagino que eu tenha magoado muito mais pessoas do que as que me lembro do nome agora, até porque por trás de alguns pequenos atos de pessoas à minha volta eu já me magôo, mesmo sem que elas percebam. Se isso acontece comigo, que dirá às pobres almas que têm a má sorte de estarem perto de mim quando estou naqueles dias em que sei fazer apenas duas coisas: chorar e xingar. E esse mau humor não acontece uma vez por mês como acontece com (quase) toda mulher, pode durar um mês inteiro ou então ficar meses sem aparecer. Queria dizer que agora, com humor e batimentos cardíacos estáveis, eu me arrependo pelos gritos com quem tentava me ajudar, por ter passado um ano quase inteiro dizendo mais palavrões do que distribuindo abraços (minha nova técnica e vício). Acho que essas pessoas que dizem não se arrepender de nada na verdade ainda não aprenderam que não vale a pena manter o orgulho, ainda não aprenderam com seus erros. Fui muito grossa com pessoas com quem realmente me importo e agradeço muito aos que insistiram em ficar junto de mim, mesmo sabendo do risco de eu querer descontar a minha raiva gratuita neles.
Penso que essa fase mulher-bomba (pronta pra estourar a qualquer momento) minha, de muitas reviravoltas emocionais, de humor tão instável quanto se pode imaginar, passou. Muito obrigada, hormônios, por terem finalmente começado a se acalmar. Mesmo que minha serotonina ainda não saiba muito bem o significado de estabilidade, eu agradeço.
Crescer dói, mas é inevitável. E não é só por ser inevitável que me acostumei à idéia, é porque eu sei que nunca vou ser daquelas adultas típicas. Sempre vou ter uns pensamentos meio sem noção me acompanhando pra me lembrar que, mesmo crescendo, eu sou a Laura. Sou a guria de cabelos enrolados que olhava pra cima e via no seu pai um super-herói de verdade, sou a pré-adolescente de cabelos volumosos vermelhos, sou a adolescente que via em cada menino uma oportunidade e sou a, ainda adolescente, que tenta aprender com os vários erros e acertos que já cometeu. O bom mesmo é olhar pra frente e ver um caminho imenso esperando por mim.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Shiver

Não me peça para desviar o olhar quando o que mais quero é ver meu reflexo no castanho de teus olhos, não adianta querer me tirar daqui agora. Estou no alto e o vento bate nas minhas costas, sinto meus pés se desprenderem do chão e flutuo. Queria algo para esquentar esse frio constante dentro de mim, um café, um conhaque. Danço com o tempo, passando todos os ritmos dentro de mim. Só risos. Passei dias viajando por ruas sem nome, conversando com estranhos, até encontrar. A neve dentro do meu peito se desfez e as cores e flores tomaram conta, fizeram do meu rosto o altar pra um sorriso que é teu. Olhos nos olhos e me perco na infinitude conjunta.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

I just don't know what to do

Sabe quando você não agüenta mais? Pois é, cá estou sem paciência pra continuar sendo eu. Uma semana de entrega de provas com notas horrendas, estou me surpreendendo com minha inesgotável capacidade de piorar. Tenho a impressão que já reclamei tanto de tudo que ninguém mais vai querer ouvir, então guardo. E você sabe como é, né? Tenho até medo de quando guardo, porque uma hora eu vou explodir e aí dá-lhe choro com riso e crises de grito e grunhidos. Passei do limite do subentendido, não agüento mais essa falta de objetividade. Passei do limite da preguiça, não agüento mais esse sono acumulado que nunca acaba. Passei do limite da saudade, estou anestesiada. Passei do limite da paciência, vá reclamar/gabar da tua vida pra outra pessoa. Passei do limite da inutilidade, se eu pelo menos estudasse um tanto plausível. Passei do limite de horas na internet, de palavras salvas no rascunho, de insegurança, de medo. Passei do limite. Mas uma coisa eu tenho que agradecer, ver a Júlia e a Marina ontem, me faltam palavras pra descrever como é bom estar com elas.

Donnie Darko e A Filosofia da Viagem no Tempo

Surpreendente. Donnie Darko foge completamente das expectativas normais para um filme hollywoodiano e é aí que conquista. Além de contar com bons atores e uma incrível trilha sonora recheada de grandes músicas dos anos 80. O filme é de 2001 mas, por não ter feito tanto sucesso nos EUA, não chegou a passar nos cinemas daqui.
Donnie Darko é um adolescente problemático, sonâmbulo, que toma remédios receitados pela psicóloga que o acompanha. Em uma noite Donnie é acordado por Frank, um coelho gigante, e escapa da morte. Uma turbina de avião cai exatamente no quarto dele durante sua ausência e o coelho diz que o mundo irá acabar em 28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos, exatamente no dia 30 de Outubro de 1988 (ano em que o filme se passa), Halloween. É então que começa toda uma história que parece não se encaixar direito e só ao fim podemos entender (e nem assim completamente) o que estava acontecendo.
Ao longo do filme Donnie obedece ordens de Frank, se interessa por certas realidades metafísicas, começa a pesquisar sobre viagem no tempo (descobrindo o livro "A Filosofia da Viagem no Tempo" escrito por Roberta Sparrow, a Vovó-Morte que aparece sempre checando a caixa de correspondência) e conhece Gretchen, sua futura namorada. Cada pequeno detalhe parece se unir e construir uma lógica que só será semi-desvendada no final, sendo que este não age como explicação, é mais um elo entre o começo e o desenvolvimento do filme. O que nos leva a usar nossos próprios neurônios pra juntar as informações cedidas durante a história e procurar mais informações.
Existe também a possível ligação entre o coelho gigante de Donnie e o apressado coelho de Alice no País das Maravilhas. Frank aparece para Donnie enquanto ele dorme e pede para ele o seguir, o coelho de Alice também aparece enquanto ela dorme, ela o segue e cai em um buraco feito por ele que a leva para um outro mundo, já Donnie escapa da morte ao conhecer Frank e começa a viver em um universo (realidade) tangente. Além de Donnie sempre aparecer conversando com Frank através do espelho de seu banheiro, o que lembra Alice Através Do Espelho.
Donnie Darko é um filme muito bem montado e deveria estar na lista de "Filmes Para Ver Antes de Morrer" de todos. Apesar de muitos reclamarem do final pouco esclarecedor, faz bem ver filmes que mostrem mais do que corpos e nos faça pensar.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Português Morto-vivo

Passei da época de "mIRC" e "Flogão" e com esta fase foi o "miguxês" e surgiu a paixão pela Língua Portuguesa. Sim, uma adolescente apaixonada pelo bom e velho Português.
Sempre achei que o problema acontecesse só com adolescentes, que só eles não percebessem o valor de nossa Língua. Sou a chata da turma, que sempre corrige os "erros".
A grande desvalorização por parte dos adolescentes tem grande influência da Internet, porque para responder às coisas mais rápido, saem abreviando as palavras e tudo parece um novo dialeto, que até tem nome, "Internetês". Não escrever corretamente na Internet é compreensível, mas existem os que usam deste dialeto em redações ou até esquecem como seria a forma "certa" e passam a usar abreviações em seu lugar.
Em uma bela tarde, fui checar meus emails e ao ligar o computador vi o Orkut da minha mãe aberto e, meu deus, quantos erros! Não só as abreviações, mas também erros de concordância, falta de acentuação e excesso de pontuação (se a quantidade de exclamações fosse proporcional ao entusiasmo, ela seria uma das pessoas mais efusivas do mundo).
Foi como um sinal pra mim, o Internetês está se alastrando como uma doença contagiosa! Cuidado senão o próximo pode ser... vc?

sábado, 12 de abril de 2008

Entrevista

Repórter Imaginário: Qual seu nome inteiro?
Laura: Laura Rodrigues Machado

RI: O que você acha que seu nome diz sobre você?
L: Meu nome representa a parte mais superficial de mim, a que todos podem conhecer com facilidade, mas também acho que o nome "Laura" combina comigo e pode dizer um pouco sobre a pessoa por trás do nome. Os sobrenomes dizem o que todo sobrenome diz, que sou parte da minha mãe e parte do meu pai.

RI: Hm... Então vamos conhecer um pouco a Laura por trás do nome. Escolha um grande defeito e uma grande qualidade tua e fale um pouco sobre isso.
L: Meu grande defeito é sempre reclamar, não tem muito o que falar sobre isso, é simples: estou sempre reclamando de alguma coisa. Sou daquelas que sempre diz "ah, mas o problema é que...". Acho que minha grande qualidade é ser amiga, sei que pode parecer uma resposta clichê, que qualquer atriz loira responderia o mesmo, mas penso ser mesmo uma boa amiga quando gosto da pessoa. Às vezes isso deve se tornar chato, porque acabo correndo atrás demais.

RI: Tem alguma meta que queira atingir em pouco tempo? E para os próximos anos?
L: Minha grande meta é passar pra Jornalismo na UnB ano que vem e me mudar pra Brasília, se tornou meu grande sonho. Para os próximos anos penso em cursar Jornalismo e me mudar pro Canadá. Ou então arrumar um marido rico pra me sustentar, quem sabe.

RI: E o que você gosta de fazer?
L: Gosto de sair com meus amigos, não importa muito pra onde. Gosto muito de ver filme, ler, ouvir música, conhecer artistas/bandas novas, abraçar, dormir, conversar... Até estudar eu gosto às vezes.

RI: Está lendo algum livro ultimamente? Qual foi o último filme que você viu?
L: Estou lendo O Leopardo É Um Animal Delicado, livro de contos da Marina Colasanti que cai no vestibular da UFG esse ano. O último filme que vi foi Donnie Darko e gostei muito, acho que há muito tempo não gostava tanto de um filme.

RI: Você tem alguma religião ou crença?
L: Religião não, acho que nem crença. Sou adepta do não-seísmo, não sei se acredito em muitas coisas. Tenho muitos amigos agnósticos e acho o Agnosticismo interessante, mas por ser do contra não me considero uma deles. Olho sempre o horóscopo, não acredito muito, mas é como um vício.

RI: Como se imagina daqui cinco anos?
L: Formada, morando no Canadá e trabalhando como Jornalista em algum jornal. Namorando.

RI: Agora as "rapidinhas". Noite ou dia?
L: Noite

RI: Calor ou frio?
L: Frio

RI: Uma cantora, cantor ou banda
L: Amy Winehouse

RI: Uma música
L: Invincible do Muse

RI: Um dia da semana
L: Domingo

RI: Uma estação do ano
L: Se aqui fossem bem definidas, outono

RI: Um filme
L: Elizabethtown

RI: Uma palavra
L: Sonho

RI: Uma frase
L: "Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca."

RI: Obrigada por esta entrevista, gostei muito de conhecer um pouco mais de você.
L: De nada, adoro falar sobre mim mesma. O prazer foi todo meu, acredite.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Amore/Amicitate

Eu diria que o amor foi feito pra ser amizade. Não imagino amor que seja tão puro e verdadeiro quanto o amor que advém da amizade. Certa vez disse que o amor mais verdadeiro é o amor platônico, porque este existe independentemente de ser correspondido. É fato que o amor platônico seria o amor mais verdadeiro, mas é também algo muito ideal, inalcançável. Então, dentre os amores reais acho a amizade o mais puro. Amor, com o tempo, foi se tornando algo carnal, superficial, possessivo. Não foi feito assim, isso foi o que fizemos do amor inicial. Fizemos do "eu te amo", frase que deveria dizer muito, algo banal. A amizade surge, simplesmente. Não é algo premeditado, acontece. Assim como o amor que vem dessa aproximação que é a amizade, acontece, quando percebemos já estamos sentindo saudade. Sou dependente de meus amigos, sigo a famosa frase de Saint Exupéry como lei e vejo nos meus amigos meu grande tesouro. Seria muito melhor ter sempre eles ao lado, nunca se distanciar, mas acontece. Então luto para que a distância, física ou não, seja vencida.


Estou sempre com aquela saudade de fundo, doendo uma dor fina que não machuca, mas incomoda. A rotina me devora e me perco dentro da realidade, me esqueço que sou quem luta para manter a leveza no dia-a-dia e me jogo na dor-de-cabeça que é viver. Minha vontade é criar um mundo paralelo pra mim, um lugar onde as coisas sejam menos cinzas e eu possa levar os meus tesouros para descansar do mundo real.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Repentino

Sem meias-palavras, digo: I wanna burn! E quem não? Vida pela metade é o mais comum e mais confortável, mas o certo seria queimar. "Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.", não é Oscar? Queimar por inteiro, sem meias-intenções. É aí que a frase "se joga!" começa a fazer muito sentido. A vida é um moinho e vai triturar teus sonhos, como disse Cartola, mas e se corrermos atrás do que queremos ao invés de assistir virar pó? O grande problema do ser humano é se acomodar facilmente às situações, assim como o problema dos jovens coevos é a preguiça de levantar a bunda da cadeira e lutar por um ideal. Na verdade a maior preguiça destes não é a física, e sim a mental. Se levantarem da cadeira conseguem, mas e se livrar da alienação? Não sou grande exemplo de luta por ideais, nem de força de vontade, eu sei. Como todo bom humano sinto frio na barriga ao ouvir histórias e ver fotos dos "jovens de antigamente" tão engajados e, algumas vezes, desejei ter nascido naquelas épocas. Sou uma conformada e isto é óbvio, talvez uma caricatura da minha geração: cheia de palavras e informações, mas conformada a ficar sentada na cadeira da escola toda manhã só ouvindo. Assim, com o jeitinho brasileiro de sempre adiar, sigo pensando que talvez no futuro eu vá lutar por um ideal ou defender minhas idéias. Comodidade, essa sim é uma grande tentação.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Em pó

Quando foi necessário a tua boca não se abriu, teus braços não me apertaram, teu olhar fugiu. Tantas vezes. Você sabe tudo que aconteceu e deixou de acontecer melhor do que qualquer pessoa que tenha visto ou ouvido falar, sabe tanto quanto eu. Em palavras soltas e carícias eu quis dizer sim, mas você não quis entender e em tuas carícias e ausência de palavras estava sempre um talvez. Saltava aos olhos de todos. É o fim do último ato e o teatro já está quase vazio, algumas pessoas esperam pelo desfecho dessa história sem grandes reviravoltas, as palavras finais são minhas e à beira do palco te digo "C'est Fini!".

domingo, 6 de abril de 2008

É de escolha?

Me lembro de um diálogo rápido no shopping, há mais ou menos um ano. Me fingia senhora de mim e dizia que era só mais um passatempo, recebi a resposta "A gente pode até se enganar fingindo que consegue controlar certas coisas, mas é óbvio que quando percebemos já passou da hora de voltar atrás". Um ano depois e a frase volta a servir (e martelar minha cabeça).

There's a moment, there's always a moment, "I can do this, I can give into this, or I can resist it", and I don't know when your moment was, but I bet you there was one.
Alice em Closer

sábado, 5 de abril de 2008

Dois em um

Questionário:

Soletre seu nome com bandas ou artistas:
L os Hermanos
A rctic Monkeys
U ltraje a Rigor (?)
R atatat
A my Winehouse

Nome: Laura
Data de nascimento: 20/05/91
Apelido: rocks, rox e variações
Cor dos olhos: castanho
Cor dos cabelos: castanho

O sapato que você está usando hoje: all star verde-limão :)
Sabor de pizza preferida: frango com qualquer coisa

Sua melhor característica física: meu piercing?
Hora de ir pra cama: o certo é 22:00 né
Memória que prefere esquecer: não gosto de esquecer minhas memórias

Pepsi ou Coca: coca-cola
McDonald's ou Burger King: burger king
Adidas ou Nike: adidas
Chocolate ou baunilha: misto
Cappuccino ou café: cappuccino

Fuma: não
Canta: lógico! quem canta seus males espanta
Banhos por dia: um ou dois
Quer ir pra escola: sim
Quer casar: sim, mas daqui muito tempo
É obcecado por saúde: não
Se dá bem com seus pais: nem sempre
Toca algum instrumento: não, mas futuramente serei profissional em piano e baixo (ou violino)

Nos 2 últimos meses:
Foi ao shopping: muitas vezes, pra almoçar
Comeu sushi: sim
Esteve em um palco: não
Fez algum bolo: não
Roubou alguma coisa: não

Você já...
Jogou algum jogo que te obrigasse a tirar a roupa: ainda não
Foi chamado de falso: já
Idade que quer se casar: não faço idéia, mas com certeza depois de um bom tempo que me formar na faculdade
Quantos filhos quer ter: vamos casar primeiro pra depois falarmos de filho, né?

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Digamos que eu tenha direito a uma só palavra...

Prontofalei

quinta-feira, 3 de abril de 2008

6º Andar

Ah, mas as reclamações, os pensamentos e a saudade giram quase sempre em volta de ti. Quis uma máscara para me esconder e dizer as palavras que aprisiono há tempos em minha garganta, nunca conseguiria. Faz falta pensar na remota possibilidade de ser recíproco. Quanto à certeza que me deram há algum tempo, perdi, deixei que levassem. Não quero certezas doadas, quero palavras e certezas concretas, olhos nos olhos e mãos trêmulas. Quis, na verdade só quis, é o passado do verbo, as borboletas no estômago me impediram de conjugar como deveria. Minha memória, tão seletiva, guarda as exatas palavras e me sinto boba. Talvez devesse ter levantado o rosto, mantido os olhos nos olhos, os braços nos abraços. É tão óbvio, não? Deixei passar, não nego. De todas as palavras que passam por minha mente agora e tentam saltar pelos meus dedos, a que escolho dizer é fim.

A senhora e seu chá

Sentou-se na cadeira com uma xícara de chá gelado e começou a balançar no ritmo que o vento mandava. O tempo passou rápido, pensa Dona Democracia, e estou viva.
Os gregos atenienses foram os pais, planejaram e sonharam com sua cria. O nome tem fundo filosófico, "demos" é sinônimo de povo e "kratia" de governo, ali havia nascido o tão sonhado "governo do povo". Nasceu com pose e nome importante.
Quantos foram a meu favor, diziam meu nome com brilho nos olhos, sonharam. Entre um gole e outro de chá dizia alto alguns pensamentos, já estava acostumada àquela situação. Sentar e esperar.
Poder na mão do povo? Em Atenas o "povo" que detinha o poder era a minoria da população. Dona Democracia foi e é mal vista por muitos, dizem que ela se passa por outra.
Rugas no rosto mostram que não é a mesma, e como permanecer igual desde o início? Dissimulada não, exclamou.
Se desde o começo não é como foi idealizada não podem acusá-la de falsa, como também é impossível cobrar que se mantenha a mesma a vida toda.
A xícara estava vazia e ela continuava sentada, olhando para o horizonte. Me pergunto como poderão viver sem mim, disse ainda com olhar distante, penso que sou tão parte deles quanto eles de mim.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Enfado de si

Cansei das mesmas palavras repetidas infinitamente, já estão gastas de tanto uso. São os mesmos pensamentos, as mesmas palavras, os mesmos reinícios e sempre, sempre o mesmo fim. Recompensa é um sabor que quero experimentar, penso ser doce. Amargo é ver ficar distante, tão mais distante, o lugar que se almeja. Confesso, esforço não é meu forte, me deixo levar pela preguiça e só aos sábados tenho certeza da grande besteira que fiz. Se me perguntarem agora se prefiro fazer o que quero ou fazer o que devo, responderia a segunda opção. Agora me pergunte se sigo meus conselhos e a resposta será o silêncio, o famoso silêncio que dará certeza da resposta negativa omitida. É o esforço para se esforçar, o empenho para empenhar. Não existe! Diga não me esforço, assuma teus erros e tente mudá-los. Eu digo, assumo e peco na última parte. O que mais quero? Ler meu nome na lista, arrumar as malas, festa de despedida, apartamento novo em uma cidade nova, rotina nova. É antagônico ao que prevejo. Nome na chamada do colégio mais um ano, choro pela ausência do nome na lista, raiva das matérias já revisadas outras vezes.
Voltaria para Dezembro, férias mais uma vez e faria o começo diferente. Pode parecer exagero, mas não vejo no porvir algo agradável, vejo mais do mesmo. Faria diferente.