quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Red Box Of Memories

Não sei como é com a vida dos outros, não posso ser eles pra sentir como é, mas na minha é sempre assim. Lembrar que o tempo está passando sempre dá o aperto no peito que me tira o ar, me tira o chão. Não sei se eles se lembram que está passando, que o tempo não pára quando pedimos, não sei se eles percebem às vezes que já se passaram anos. Tantos anos, tão poucos anos. Será que sentem o peso do tempo nos ombros? Não existe manual dizendo o que é viver, nem mesmo um simples "Como Fazer" tem. A vida passa e temos que aprender com nossos próprios erros, temos que tropeçar algumas vezes nas mesmas pedras até percebermos que é mais fácil passar por cima. É até mais seguro. Eu, que nunca fui uma guria de sair pra brincar e voltar cheia de arranhões, quebrei o pé aos dezesseis anos em uma cama elástica. Os arranhões que não voltavam comigo da rua quando criança me incomodam agora, parece que simplesmente ignorei que era necessário me arriscar. Sempre tive medo do que não podia controlar. Não era de me machucar, mas voltava chorando do parquinho e quando meu pai ia verificar o que tinha acontecido sempre era alguma criança menor que havia tentado brigar comigo. Nunca fui muito de encarar. Não posso dizer que ninguém me avisou, ouvia sempre que um dia viriam responsabilidades, que viriam aos poucos com o tempo. Durante muito tempo o tempo não se mostrou muito preocupado comigo, simplesmente passava e eu nem notava. As sensações ligadas à nostalgia que vêm e vão sempre, agora resolveram se mostrar mais presentes. Minha mente me surpreende ao trazer de volta coisas que nem lembrava de ter esquecido, continua tudo guardado em algumas caixas empoeiradas guardadas lá no fundo da memória. Sinto vontade de me sentar no chão dessa grande sala, abrir caixa por caixa e soprar o pó que as cobre, rever os filmes sentada em um sofá velho e ler os detalhes de cada momento fotografado.
Ah, se eu agüento ouvir
Outro não, quem sabe um talvez
Ou um sim
Eu mereço enfim.

É que eu já sei de cor
Qual o quê dos quais
E poréns, dos afins, pense bem
Ou não pense assim

Eu zanguei numa cisma, eu sei
Tanta birra é pirraça e só
Que essa teima era eu não vi
E hesitei, fiz o pior
Do amor amuleto que eu fiz
Deixei por aí
Descuidei dele, quase larguei
Quis deixar cair

Los Hermanos - Paquetá

biografia, certeza

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Era proibido dizer o que meu Id mandava até que o acohol atingiu minhas leis pessoais. Já não agüentava mais quando me sentei afastada de todo o resto. Meus sentidos me mandavam ficar longe, ia acabar fazendo o que não devia. As lágrimas finalmente puderam se desprender de meus olhos. Pouco a pouco pude ouvir palavras que tentavam me reerguer do poço em que havia me afundado, cada um dizia algo e o outro completava e tudo que ouvia me mostrava que não estava sozinha. É essa a hora que deixo de ver o mundo girar em volta do 'eu'?

sábado, 16 de fevereiro de 2008

O maior motivo pra acreditar eu já tive, mas mesmo assim tudo continua tão normal, tão comum, que é difícil acreditar que seja verdade. Dormi em êxtase com a notícia que menos esperava de um dia tão usual, não podia acreditar. Acordei com a notícia ainda na cabeça, podia jurar que não passava de um sonho e só podia sentir tomar conta de mim de tal maneira que pude jurar que a qualquer momento sairia gritando o tamanho do sorriso que não cabia em meu rosto. Mas como sempre passaram as horas e com elas minha fé no futuro, toda noite desisto. Toda noite volto a ter forças. Os finais de noite sempre me fazem pensar que está tudo bem assim e não tem do que desistir. Difícil é descansar a cabeça no travesseiro e a mente continuar ligada, pensamentos pré-sono são, no mínimo, desconfortáveis.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Laços

Por onde passaram deixaram uma marca, bem mais resistente que minhas pegadas na areia. Passaram e levaram pra vida o que era do dia-a-dia. Um dia olharão pra foto na quadra da escola e lembrarão de tudo que aconteceu na antiga escola que já não existe mais. Olharão pra guria de cabelos ruivos super enrolados e tentarão se lembrar de quem ela era. Talvez alguém se lembre que passamos uma tarde estudando, trocamos alguns segredos na última semana de aula, fizemos teatro juntos, cantamos músicas ruins de rádio durante as aulas, planejamos seqüestrar a professora de português e guardá-la em um potinho, queríamos que as provas de gramática não fedessem a café e cigarro e que a professora não falasse da sua vida sexual durante a aula, que planejávamos matar a professora de geografia, brincamos de chocolate inglês no recreio do Dia das Crianças que organizamos, íamos juntas para o dentista e ficávamos esperando na sala de espera infantil... Talvez se lembrem. A grande maioria não saberá quem era a guria de cabelos ruivos super enrolados e sairá pra se encontrar com a turma que conheceu na oitava série e ainda mantém contato.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Saí de casa pra pensar um pouco sobre tudo, as paredes pareciam me impedir. Enquanto andava começou a chover e, mesmo estando com o guarda-chuva, preferi me render às gotas que caíam do céu. Lembrei do corvo, da Colcha de Retalhos, do all star azul e do preto de cano alto, do décimo segundo andar no bairro das laranjeiras, dos vermelhos e verdes tão marcantes, de Nino e Amélie, dos quarenta e cinco minutos que separavam Claire e Drew, das cinzas de Ben, de meu ídolo Ferris cantando Twist and Shout. Me lembrei de muita ficção, muitas histórias que não são minhas. Não diretamente minhas. Consegui pensar em certas decisões, voltar atrás não é algo que goste de fazer. Assim que sentei no sofá da sala a chuva parou, peguei o telefone e meus dedos apertaram os números mesmo antes de eu pensar o que fazer, meus minutos seguintes foram como reviver certas tardes de antigamente. Talvez voltar atrás não seja assim tão ruim.

"I think I've been asleep most of my life."
You're not the only one, Claire.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia?
Quantos você já não encontra mais?
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você já desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre,
Quantos você conseguiu preservar?
Onde você ainda se reconhece,
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria?
(...) Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você

Oswaldo Montenegro

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Pensamentos Soltos

Chega de ser indireta! Não foi assim que consegui o que já quis, não que tenha conquistado grandes coisas mas enfim. Vamos lá, Laura! Diga o que quer, diga pra quem quer, diga quem quer, diga pra que quer. Ficar pensando, remoendo, repetindo, desistindo e depois reutilizando. Sempre. Cansativo. Se nada de muito importante foi conquistado é porque faltou algo, faltou eu e a situação real. Porque de imaginário tenho mais que o bastante, obrigada. Se você eu fosse, correria antes de ver uma mente ficar com superlotação de pensamentos. É que com o tempo pensar se tornou mais eficiente que falar. Eficiente não, seguro. Se os pensamentos são só meus, as palavras ditas são de quem quiser ouvir. Talvez só das paredes do meu quarto ou do gravador do celular, talvez de toda uma turma que ri do que acabou de ouvir. Nunca é sério, nada. Seria esta a hora da seriedade? É agora que começo a levar tudo a sério e me torno uma adulta que esqueceu como é sorrir? Acho que não. Acho que essa hora nunca vai ser minha, adulta é uma coisa que não me imagino sendo. Não aquele tipo de adulto típico. Sei que as coisas não voltam e nunca vão ser como já foram, mas sei que existem as lembranças que vão sempre ser o filme da nossa vida dentro de nossas mentes. Ainda bem. Se hoje pudesse escolher o que fazer amanhã eu diria que quero me sentar em uma sala bem confortável e rever uma coletânea dos melhores momentos, como um filme. Mas não, o terceiro ano sou eu. Aluna dedicada que (ainda não, mas me tornarei) sou, vou estudar. Como diria o Dicionário: aplicar a inteligência ao estudo, analisar, observar atentamente, aprender, meditar; aplicar o espírito, a inteligência e a memória para adquirir conhecimentos. Gosto da cor azul, acho que combina principalmente com as minhas notas.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Não sei se é o frio, a chuva, o medo, a saudade, o não-dito ou a Amy de fundo... Mas essa é a noite mais solitária ever.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Best, you've got to be the Best

Sofrer por antecipação é o meu drama.
Inclusive o que queria era conseguir dizer todo o medo e insegurança que os alunos sofrem no terceiro ano, mesmo eu que estou na segunda semana de aula. Antecipação.
Hibernar seria uma boa idéia.
Não sei se é porque estou tentando levar tudo a sério este ano, tentando recuperar o tempo desperdiçado nos anos passados, não sei o que é! Entender a matéria é ótimo, conseguir fazer os exercícios, responder o que o professor pergunta na sala, ensinar para os amigos... tudo isso é bem melhor que imaginava. Mas (sempre tem um mas) ver os alunos do terceiro ano comemorar hoje que passaram na Federal, saber que uma das meninas mais inteligentes do colégio não passou e que são 43 pessoas por vaga no curso dos seus sonhos, mostra que o Vestibular está aí, logo ali.
Vai demorar e ao mesmo tempo vai voar! Não sei o que é pior.