quinta-feira, 15 de maio de 2008

De leve

Tenho vivido de maneira leve, sem grandes emoções, sem grandes choques, sem grandes coisas. Tenho levado a vida um pouco desleixada, mas pretendo e vou mudar, e está tudo bem leve. Eu estava acostumada com finais de semana cheios de emoções, incluindo domingos que eu julgava chatos por serem tão quietos, eu queria sempre mais e não me importava se no dia ou no segundo seguinte me bateria uma tremenda ressaca, moral ou não. O retrato dessa vida leve que venho levando são meus domingos, domingos regados a músicas calmas e uma tranqüilidade que não me incomoda, ou meus finais de tarde em que pego minha câmera e tiro fotos do pôr-do-sol. Comparando minha vida a um filme, estou sendo atriz coadjuvante e a vida de atriz coadjuvante não cansa tanto quanto ser principal e tem me ensinado bastante.
Virei amiga-ouvidoria, daquelas que ouvem o que os amigos têm a dizer sobre suas vidas e tenta aconselhar. Meu lado emocional tem sido alimentado por séries de televisão e conflitos na vida amorosa de amigos e assim vou anotando no meu bloquinho mental o que devo ou não fazer quando voltar a ser protagonista. Aprendi a ficar mais calada e a pensar mais vezes antes de dizer o que quero quando estou nervosa, aprendi com a quase perda de uma amizade extremamente importante. Aprendi que não adianta ficar sentada reclamando de tudo, se eu quiser tenho que levantar e fazer acontecer, e foi assim que consegui deixar de lado coisas que me angustiavam há tempos. Tenho aprendido bastante.
Minhas manhãs são cheias de professores, matérias e a correria normal de 3º ano, já não há aquele lado da sala cheio de amigos meus com quem eu conversaria a aula toda. Sento próxima a duas meninas que não têm nada a ver com os meus amigos e sei que não criarei laços com elas, mas não estou a procura de novas amizades e por isso não me incomodo. Dentro da sala de aula tenho três amigos e alguns colegas com quem converso eventualmente, a grande maioria da sala não faz diferença alguma na minha vida e quando faz é porque está atrapalhando a aula e é aí que a "nova Laura" pede silêncio com um sshhh bem chato ou com um educado grito de CALA A BOCA!.
Às vezes acho que me perdi em algum espaço no tempo, mas lembro que continuo aqui e o que está longe ou ficou no passado ainda faz parte de mim. Sinto falta dos meus amigos de conversa em sala, admito. Sinto falta da desordem de emoções e fatos que costumava ser minha vida e de fazer parte das risadas de um grupo se misturando. Todas aquelas emoções fortes, todas aquelas reviravoltas, toda aquela vida. Mas enquanto o que tenho é essa calmaria estranha e singela que se tornou minha vida, estou bem, não tenho do que reclamar. Na verdade a única coisa que dói é a saudade, mas ela dói fina e constante, já nem incomoda.

Um comentário:

Jordana, disse...

Inveja boa de como vc consegue ser sutil e sincera com as palavras.
Parece que são pintadas no seu texto de forma harmônica.

te admiro Laura :)